ATENÇÃO
INSCRIÇÕES PARA COMUNICAÇÕES NOS SIMPÓSIOS TEMÁTICOS PRORROGADAS ATÉ O DIA 30 DE NOVEMBRO
A
Balaiada - ou Guerra dos Bem-te-vis - tem sido objeto de estudos históricos desde o
século XIX; mas, a produção acadêmica relativa a este tema, na historiografia
maranhense, sobretudo sob a forma de dissertações e teses, ainda está incipiente,
necessitando, inclusive, de uma maior ênfase na história ensinada por meio da
produção didática. Segundo a abordagem mais corrente na historiografia, esta
revolta teve início em 13 de dezembro de 1838 quando um grupo de vaqueiros,
liderado por Raimundo Gomes, invadiu a cadeia da Vila da Manga para libertar
companheiros colocados a ferro e lançando, em seguida, um manifesto com reivindicações
políticas. A partir deste episódio a revolta se alastrou envolvendo milhares de
sertanejos e escravos, mas, também, a participação de segmentos das camadas
médias rurais e fazendeiros liberais movidos por seus interesses específicos.
No
século XX, a disputa pela memória da Balaiada resultou na produção de
interpretações favoráveis e condenatórias desta revolta; bem como, por um lado,
a tentativa das elites governantes em apagar a memória da Balaiada e, por
outro, a apropriação do seu simbolismo de resistência, especialmente, por
movimentos sociais. Não é demais sublinhar que nas últimas décadas a memória da
Balaiada tem sido silenciada pelos poderes públicos uma vez que não se verifica
comemorações públicas ou construção de memoriais a respeito desta. Antes, no
entanto, a memória oficial consagrou o militar Luís Alves de Lima e Silva como
“pacificador” do Maranhão devido ao seu êxito na repressão da revolta. Vale
destacar que o mesmo recebeu do imperador o título nobiliárquico de Barão de Caxias e, na cidade de São
Luís, a homenagem sob a forma de uma estátua, na qual ele está montado num
imponente cavalo erguendo a sua espada. A estátua está postada em frente ao
quartel 24º Batalhão de Infantaria do exército brasileiro, no bairro do João
Paulo.
Em
relação ao simbolismo de resistência é emblemática a denominação de Balaiada
Urbana para o movimento conhecido como a Greve de 51. Trata-se do resultado do
conflito entre governo e oposição na disputa pelo pleito eleitoral daquele ano
e, mais recentemente, no século XXI, a referência à Balaiada Moderna e os Novos
Balaios, como o episódio da resistência à cassação do mandato do governador
Jackson Lago, eleito em 2006, onde os manifestantes pró-governo se mantiveram
em frente ao Palácio dos Leões no acampamento balaio. Os movimentos sociais
recorrem, com frequência, ao simbolismo de luta e resistência da revolta. E, do
mesmo modo, os movimentos e as entidades estudantis, tal como se verifica nas denominações
de centros acadêmicos dos Cursos de História da UEMA (Negro Cosme) e da UFMA
(Lagoa Amarela).
No
campo do ensino básico, o tema tem sido abordado sem atualizações que incorporem
as novas pesquisas. Além da falta de livros didáticos e
paradidáticos, ainda tem havido uma diminuição da análise deste tema no
currículo em razão de avaliações nacionais que desconsideram a história local,
como é o caso do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
A
despeito de dificuldades, nas últimas décadas, alguns eventos acadêmicos
tratando da Balaiada têm sido feitos. Entre os dias 20 a 21 de novembro de 1998,
no Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC/UEMA) foi realizado o I Seminário sobre a Balaiada: resgatar para
reconstruir, promovido pelos estudantes do Curso de História, em comemoração
aos 160 anos da Balaiada. Nos dias 12 e 13 de dezembro de 2003, foi realizado o
I Encontro dos Professores de História da
UEMA, no campus do CESC/ UEMA, na cidade de Caxias, com o tema História Social e Memória: os 165 anos da
Balaiada, com os objetivos de “discutir e ampliar o conhecimento acumulado
sobre a Balaiada, produzido pela historiografia maranhense e brasileira,
refletindo a sua importância para a história regional e despertando novas
possibilidades de pesquisa e análise”. Com esse propósito foi realizado o I Simpósio Balaiada 170 Anos, no período
de 15 e 16 de dezembro de 2008, no campus do Bacanga/UFMA, promovido pelo curso
de História da UFMA em parceria com os cursos de História da Universidade
Federal do Piauí e da Universidade Estadual do Maranhão, sublinhando que
“lembrar e divulgar o movimento de balaios e bem-te-vis – escravos, lavradores,
vaqueiros, artesãos e fazendeiros que lutaram contra as injustiças sociais – é
criar oportunidade de se conhecer melhor nossa história, fortalecendo a autoestima
e a identidade social coletiva”. Em 12 de dezembro de 2014, na Faculdade do
Baixo Parnaíba, em Chapadinha, ocorreu o I
Seminário da Balaiada, promovido pelos organizadores do Projeto Balaiada.
Este evento visava a promoção de valores culturais e turísticos relacionados à
guerra da Balaiada na região do Baixo Parnaíba, Baixo Munim e Cocais.
Este
II Simpósio Memórias da Balaiada – 180
anos possui uma continuidade histórica com os movimentos acadêmicos que o
precederam, com a sua periodicidade quinquenal, sob a perspectiva de que se
trata de um movimento social cuja importância histórica é central na
historicidade do Maranhão e do Brasil. O evento irá reunir pesquisadores de
diversas instituições, especialistas do Brasil e do exterior em história do
Brasil Imperial, com destaque para a Balaiada, com abordagens da temática em
diversas perspectivas, como a historiografia, a memória, a literatura, a
imprensa, a nova história militar, gênero, ensino, patrimônio.
Este
evento é uma iniciativa de pesquisadores/as maranhenses com a participação de
pesquisadores/as piauienses, em especial, e de outros estados da federação e do
prof. Dr. Mathias Assunção (Universidade de Essex), a fim de promover um amplo
debate acerca da memória histórica da Balaiada, especialmente, no momento em
que esta revolta popular ocorrida em territórios maranhense e piauiense
completa 180 anos. O público alvo será constituído especialmente pelos
estudantes universitários da graduação e pós-graduação do Estado do Maranhão e
de outras IES no Brasil, e dos professores da educação básica do Estado do
Maranhão. Além das conferências, mesas redondas, simpósios temáticos e
minicursos, o evento terá atividade voltada para a apresentação de pôsteres de
alunos da Graduação e Pós-Graduação, e publicação dos trabalhos completos sob a
forma de Anais.
A
Universidade Estadual do Maranhão tem, mais uma vez, a honra de sediar um evento
desta natureza, desta vez no campus São Luís, no prédio do Curso de História, localizado
na Rua da Estrela, nº 329, no centro histórico da cidade de São Luís.
Objetivos
·Estimular a pesquisa a respeito da Balaiada ao promover o debate de suas memórias históricas contribuindo, assim, para enriquecimento de sua historiografia;
·Promover a troca de conhecimentos e a avaliação crítica da produção científica relativa a este tema favorecendo o encontro entre os/as pesquisadores/as da Balaiada;
·Discutir acerca do ensino e da produção didática da Balaiada e, assim, estimular a articulação de novas pesquisas neste campo;
·Ampliar os espaços de discussão acerca da Balaiada por meio da aproximação com os movimentos sociais e demais entidades representantes da sociedade civil;
·Analisar as ressignificações e as apropriações da(s) memória(s) da Balaiada a partir de novos e distintos protagonistas de movimentos sociais contemporâneos;
·Refletir acerca das temporalidades que propiciaram a ocorrência da revolta no século XIX e as suas continuidades com a realidade maranhense atual, especialmente quanto a questão agrária;
·Oferecer minicursos que propiciem o conhecimento e despertem o interesse pela pesquisa dessa temática na comunidade de participantes;
·Fortalecer o protagonismo da Universidade Pública como a instituição e o espaço de discussão e produção de saber acadêmico tendo a Balaiada como tema mediador.